CEOP: Há 22 anos descobrindo e resgatando a cidadania das famílias do Curimataú e do Seridó paraibano
Por: Simone Silva de Araújo
Em 1992, na cidade de Picuí, interior da Paraíba, um grupo de pessoas preocupadas com as necessidades sociais da comunidade fundou uma instituição sem fins lucrativos a qual recebeu o nome de Centro de Educação e Organização Popular – CEOP. Idealizado pela Irmã Maria Conceição de Freitas e pelo Pe. Donato Rizzi, o CEOP teve como atividade inicial a alfabetização de mulheres que frequentavam a igreja e que não possuíam habilidades com a leitura e a escrita. Depois o centro passou a atender crianças que não tinham acesso à educação infantil, oferecendo, assim, a possibilidade de prepará-las para o primeiro ano da educação básica no ensino público.
Apesar de ser inspirada no pensamento do educador e filósofo Paulo Freire, a missão do CEOP estava muito além do trabalho de alfabetização e logo direcionou o olhar para outros segmentos como a agricultura familiar. As dificuldades enfrentadas pelos homens e mulheres do campo, durante a seca de 1993, levaram a organização a pensar ações que ajudariam na convivência com o semiárido, potencializando o zelo pela terra, as relações humanas e com o meio ambiente.
Agricultores participando do Curso de Capacitação sobre Manejo de Sistema Simplificado de Água para Produção (SISMA)
Ao longo de seus 22 anos de história, o CEOP continua trabalhando pelo bem-viver das famílias. Sua missão se resume em “contribuir no processo de formação dos grupos de crianças, adolescentes, jovens, mulheres e agricultores familiares na construção coletiva do saber, tendo como enfoque os direitos humanos e a ética, resgatando a dignidade e os valores sociais para vivência em sociedade”. A qualidade no atendimento aos seus beneficiários é uma das grandes preocupações da ONG.
Hoje o CEOP possui atuação microrregional, abrangendo 18 municípios do Curimataú e Seridó Paraibano, onde promove ações que visem a melhoria dos recursos hídricos, com a construção de cisternas, barragens subterrâneas e barreiros, através da sua participação em editais públicos. Além das atividades desenvolvidas na zona rural, a entidade trabalha com a temática da violência contra a mulher. Inclusive, realiza, anualmente, uma grande caminhada da paz pelo fim desse tipo de violência. Já com as crianças e adolescentes que residem na zona urbana, o centro oferece atividades artísticas como grupos de balé, percussão, dança, violão e flauta. Todas essas atividades são planejadas semanalmente pelo grupo gestor.
Grupo SOM BATUQUE
Grupo de percussão SOM BATUQUE na caminhada pelo fim da violência contra a mulher
No que diz respeito ao financiamento, a instituição se mantém a partir de doações. Segundo a Coordenadora Francisca Aparecida Firmino, o CEOP tem procurado proporcionar um trabalho cada vez mais qualificado: “a gente faz até onde dá, mas a gente quer fazer com maior zelo possível, com maior carinho possível, com respeito às pessoas, colocando elas no centro da discussão, como sujeitos de direito, como cidadãos e cidadãs” – declarou a coordenadora. Ela afirmou ainda que fazer movimentos sociais na região é um desafio pelo fato de que nem sempre as pessoas envolvidas são compreendidas pela sociedade: “Fazer movimento social é dizer de que lado você está. Eu estou do lado das mulheres que estão oprimidas, que estão sendo subservientes dos companheiros. Eu estou do lado dos meninos e das meninas de rua que estão no mundo das drogas, que não tiveram apoio. Eu estou do lado das pessoas que são marginalizadas, que são oprimidas, que são discriminadas. Então nem todo mundo na comunidade tem esse comprometimento com as questões sociais que estão postas para nós no dia-a-dia”.
Movidos pelo sentimento de esperança e de transformação da realidade, pela filosofia de Paulo Freire e pela espiritualidade guiada por grandes nomes, como Madre Tereza de Calcutá e Dom Hélder, a equipe responsável pelo trabalho filantrópico do CEOP está sempre engajada em seus projetos e conta com um importante diferencial: o posicionamento crítico diante das necessidades sociais. É justamente esse senso de criticidade que mantém firme a ideologia da organização e o sentido em continuar existindo. “A gente precisa ter esperança e utopia porque senão a gente não consegue desenvolver nossos trabalhos e acreditar que um outro mundo, que uma outra sociedade do respeito às diferenças é possível” – concluiu Aparecida Firmino.
COMO SER BENEFICIÁRIO DO CEOP?
As pessoas que desejam qualquer tipo de atendimento do CEOP devem procurar o escritório localizado à Rua: Francisco Claudiano, 55, Bairro Monte Santo – Picuí-PB. A ONG também trabalha com visitas domiciliares, identificando as famílias com maior vulnerabilidade social. Quando se trata de famílias oriundas de outros municípios, o CEOP realiza articulações com grupos de apoio que funcionam como redes de contato para subsidiar o atendimento.
QUER SE TORNAR UM COLABORADOR?
Se você deseja contribuir com algum tipo de doação ou serviço para apoiar o trabalho e as ações desenvolvidas pelo CEOP, entre em contato!
Telefone: (83) 3371-2084
Telefone: (83) 3371-2084
E-mail: ceop.ceop@bol.com.br
Caminhada pelo fim da violência contra a mulher
Família de agricultores contemplados com cisterna
Grupo de balé em apresentação e, ao fundo, os grupos de violão e percussão
Crianças beneficiadas pelo CEOP
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